sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Família denuncia negligência após morte de mulher em UPA do Distrito Industrial, em Ananindeua

Mesmo com recomendação do Ministério Público, paciente não foi transferida da UPA e morreu por falta de atendimento adequado.


Um ano após a morte de Gleice na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Distrito Industrial, em Ananindeua, a família ainda cobra responsabilização da Prefeitura e do secretário municipal de Saúde. A jovem morreu em fevereiro de 2024, dias após ser internada na unidade e não receber o atendimento adequado. A negligência ocorreu mesmo diante de uma recomendação do Ministério Público que exigia sua transferência para um hospital com suporte especializado.

Segundo o viúvo de Gleice, Marcos, a esposa apresentava um quadro de saúde que demandava atendimento especializado e urgente. Apesar disso, Gleice permaneceu internada na UPA, mesmo com uma determinação do Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), que solicitava a imediata transferência da paciente para um hospital com suporte adequado. A transferência, no entanto, nunca aconteceu.

"Eu tenho duas decisões do Ministério Público aqui. Se eu, como cidadão comum, descumprisse uma ordem judicial, eu estaria preso. Agora, por que o secretário de saúde do município onde ela estava internada não foi responsabilizado?", indagou Marcos, revoltado com a situação.

"Nem o secretário e nem a própria Prefeitura viram o caso dela e não a transferiram. Então eu te pergunto: quantas famílias vão precisar passar pela mesma dor porque a Prefeitura e o município não deram o devido atendimento?", completou ele.

O caso foi levado à Justiça, com pedido de responsabilização direta do município, sob a alegação de falha grave na gestão da saúde pública e no descumprimento de ordens judiciais.

CASO NÃO É ISOLADO

As UPAs de Ananindeua seguem com várias denúncias sobre negligência médica e falhas no atendimento. Em abril de 2025, uma criança de apenas 1 ano e 6 meses morreu após receber atendimento na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Icuí.

Conforme seus familiares, Sofia Gabriele Silva chegou à unidade de saúde com sintomas de diarreia e vômito por volta das 9h. Ela foi medicada e recebeu alta. Porém, o estado de saúde dela piorou após o retorno para casa.

Os pais, então, voltaram com a menina à UPA, onde ela foi encaminhada para uma "sala vermelha", passando a receber medicação sem a presença de um responsável. Eles relataram que Sofia permaneceu na sala por muito tempo e, após a demora, entraram no local e encontraram a menina com algodão no nariz e as mãos amarradas.

Já em fevereiro de 2025, Marcos Rodrigues Teixeira, bombeiro civil de 35 anos, passou dias tentando atendimento em uma UPA de Ananindeua, mas sempre era avaliado e mandado para casa.

Após dias sem sucesso em Ananindeua, Marcos foi levado pela esposa para o Pronto-Socorro da 14 de Março, em Belém, onde foi rapidamente entubado com 99% do pulmão comprometido, mas não resistiu e faleceu.

Os casos citados expõem, mais uma vez, a precariedade do sistema de saúde municipal e a ausência de protocolos eficazes para salvar vidas em situações de emergência em Ananindeua